Pressa. Por que sempre temos pressa? No trânsito, na calçada, na faixa de pedestre, no trabalho, no lazer… em diversos momentos das nossas vidas nos pegamos olhando para o relógio e avaliando o tempo, que sempre nos parece faltar.

Na última semana, estava no trânsito aguardando a manobra de um caminhão que tentava sair de uma vila – um movimento complexo em espaço reduzido. Aguardava calmamente no meu carro quando começaram a enfileirar veículos atrás de mim. Bastaram 30 segundos de espera para ouvir a primeira buzinada. E depois a segunda, a terceira. Segui imóvel, olhando os ansiosos pelo retrovisor e aguardando o caminhão terminar sua manobra e sair.

Assim que segui meu caminho me questionei: o que faz uma pessoa buzinar em um momento como este em que estávamos? Em que sabidamente a buzina não iria ajudar a solucionar o problema ou acelerar seu desfecho? Por que temos esse tipo de atitude em situações como essa?

Uma matéria da revista Exame de junho do ano passado, com dados da Organização Mundial de Saúde, estima que há 18,6 milhões de brasileiros convivendo com o transtorno de ansiedade. É o país mais ansioso do mundo. Por anos me encaixo nesta estatística. A resposta das perguntas do parágrafo anterior está aqui: não sabemos esperar.

Nos últimos anos, percebi que administrar o tempo é uma das tarefas mais importantes para grandes realizações. O ímpeto de resolver e querer fazer é útil para o start, mas deve parar aí. O planejamento das ações, da forma de execução e de todas as etapas seguintes de um projeto são fundamentais para o seu sucesso. Resolvi aprender a ter paciência e continuo tentando todos os dias. E, para isso, tomei uma decisão importante: desacelerar.

Lendo sobre pessoas que me inspiram percebi que por mais ocupado que você ache que você é, você precisa ter um tempo para você, para fazer as coisas que gosta e para relaxar a mente. Barack Obama, mesmo com milhares de problemas a resolver durante sua presidência nos Estados Unidos, conseguia tempo para isso, como eu não consigo?

Quando passei a trabalhar em casa, precisava criar uma rotina e aprender a dividir melhor meu tempo – que sem o deslocamento para o trabalho passaria a ser maior. Mudei hábitos. Criei dois períodos de leitura todos os dias; encontrei tempo de qualidade para brincar com minhas filhas; praticar exercícios físicos; e assistir filmes e séries – fundamentais para quem trabalha com audiovisual.

O ter pressa virou ter planejamento, rotina. Nada mais é feito para ontem. E sim para uma data programada, com cronograma de atividades, com metas de realizações e de ações, com paciência para se atingir o melhor resultado.

Descobrir que aquele famoso “fazer nada” – que muitas pessoas julgam e reclamam quando você está “fazendo” – é necessário, foi libertador e um forte agente de mudança na minha rotina. É no meu “fazer nada” que a mente descansa para recomeçar a criar. É onde me inspiro. Onde uso o tempo para aprender, ler, ver, ouvir, conversar sobre qualquer assunto. É sem pressa que as ideias deixam o papel e ganham forma, viram projetos e se concretizam em realizações.