Lidar com perdas sempre é difícil. Seja de pessoas, objetos, experiências, empregos… Perder é algo que nunca queremos na vida, mas também é inevitável. Então como lidar com as perdas que aparecem durante o nosso caminho? O que elas podem nos trazer para seguirmos em frente?
A primeira vez que senti o duro golpe do sentimento de perda foi aos 19 anos. Ainda era um estudante de Jornalismo em seu terceiro período. Acabara de ter minhas duas primeiras experiências profissionais como estagiário primeiro na Rodrigues Motta, com jogos educativos durante as comemorações dos 500 anos do Brasil no Museu Histórico Nacional; e depois na assessoria de imprensa da CERJ – hoje ENEL – em Niterói.
Foi quando em 20 de setembro de 2000, perdi. Um dos meus melhores amigos na vida: meu avô. O vazio no peito, a explosão de emoção incontrolável e o choro ininterrupto chegaram juntos e eu não estava preparado para tudo isso ao mesmo tempo. Sofri. Explodi. Xinguei. Culpei. Refleti. Cresci.
Claro que antes da morte do meu avô já havia lidado com perdas – inclusive de um amigo de infância aos 9 anos por conta de uma leucemia –, mas a perda na infância tem um ar diferente, falta entendimento para tudo o que está acontecendo naquele momento. Os sentimentos são confusos e ainda não somos capazes de entende-los – se é que um dia realmente seremos. Voltando ao 20 de setembro de 2000, lidar com a perda me ensinou algumas lições imediatas e outras apenas com o passar do tempo.
A primeira lição que aprendi foi: Sofrer faz parte do processo de perda. Se você perde algo e não sente, aquilo não era importante para você. É impossível não sofrer quando se perde algo que ama. Então, chore, sofra, grite, xingue, enfrente a perda, relembre o que ela te trazia de positivo e guarde com você.
A segunda lição foi: Aprenda a seguir adiante. A fase de sofrimento pela perda tem que acabar em algum momento. A vida e o tempo não param. E quanto mais tempo você demorar para reagir, mais para trás você fica. Mais oportunidades, experiências, relacionamentos você perde.
A terceira: Use e abuse dos seus amigos. Nas horas mais difíceis as pessoas que mais te amam aparecem para te apoiar e te levantar. Conte com elas. Não se isole. Divida suas angústias, dores, sofrimento, deixe que te ajudem. No futuro, esse papel pode se inverter. E ter amigos nessas horas ajuda a te levantar.
E a última: Você não pode controlar tudo. Sim. É impossível. Com 19 anos – e, confesso que até bem mais velho – eu ainda acreditava que poderia controlar tudo: meu tempo, meus relacionamentos, meus compromissos, meus sonhos, minha vida. Mas a vida muitas vezes muda seus planos de repente e você tem que se adaptar. A-DAP-TAR a palavra dessa lição.
Agora transfira essas situações da sua vida pessoal para a sua vida profissional? Quando deixamos um emprego provavelmente passamos por todas essas etapas de perda. Sofremos quando gostamos, seguimos adiante porque precisamos, usamos nosso networking para nos recolocarmos, e por fim descobrimos que não temos o controle de tudo e precisamos nos adaptar a novas realidades.
Perder faz parte do jogo da vida. O importante é você saber lidar com a perda, é aí que há uma separação de pessoas. Alguns conseguem seguir adiante e adaptarem, outros remoem a perda e se afundam. E você, como vai reagir?