Você costuma assistir a curta metragens? Dificilmente eles chegam aos cinemas brasileiros e atingem o grande público. Muitas vezes passam despercebidos no meio dos trailers e são usados para completar o tempo de uma sessão. Na maioria das vezes somente chegam ao Brasil nos Festivais. Mas escrever, dirigir e produzir um curta metragem é uma enorme aula de cinema, e muitas vezes a porta de entrada no mercado.
Grandes diretores como Martin Scorsese, Woody Allen, Oliver Stone, Christopher Nolan entre outros começaram suas carreiras com curtas. Doodlebug, primeiro filme de Christopher Nolan, tem apenas 3 minutos e conta a história de um homem incomodado por um “inseto” em seu quarto e sua saga para tentar matá-lo.
The Big Shave, curta de Martin Scorsese filmado em 1967, narra uma cena de um homem fazendo a barba, mas já mostra um pouco do que seria o cineasta e de sua assinatura.
No Brasil, Kléber Mendonça Filho, diretor de Aquarius e Bacurau, também tem alguns curta metragens no seu currículo, como Eletrodoméstica (2005), no qual ele faz um retrato da vida de uma dona de casa de classe média do Recife nos anos 90.
Escrever, dirigir e produzir um curta metragem é desafiador. Quase sempre é um filme independente, custeado pelo diretor e o produtor executivo, que acreditam no projeto. Orçamento baixo, equipe iniciante, projetos de encerramento de curso universitário. Tudo para entrar no fascinante mercado do cinema. É o início do seu portfólio.
Fazer um curta metragem ensina muito sobre edição, objetividade, otimização de recursos, tempo e roteiro. O filme precisa ser objetivo, mas isso não quer dizer que os personagens percam complexidade, a trama perca conflito e falte emoção. Vivi essa experiência com Radar! Um time! Uma nação!, documentário de 2019.
Veja o trailer de Radar! Um time! Uma nação!
Para quem sonha em entrar no mundo do cinema e das séries, o curta metragem é um ótimo exercício e cartão de visita para mostrar seu talento e sua capacidade de contar uma história.
Como o We Are One Global Festival – que reuniu 21 dos maiores festivais de cinema do Mundo e terminou na semana passada – mostrou na nova safra de curtas metragens.
O nigeriano Blood Driver, documentário produzido em parceria com o Google, conta a história dos motoqueiros responsáveis por levar bolsas de sangue para os hospitais de Lagos, capital da Nigéria. Os perigos que enfrentam e a responsabilidade que carregam em suas caçambas.
Já, a co-produção inglesa-ucraniana-israelense Anna, mostra a tentativa de uma ucraniana mãe solteira de meia idade que procura seu novo amor em uma festa para estrangeiros anunciada em uma estação de rádio.
Quatro animações também chamaram atenção. Marooned, é a história de dois robôs isolados na Lua que tentam reconstruir sua nave para poderem voltar à Terra. Bilby, a história de um marsupial em extinção na Austrália que fica amigo de um filhote de pássaro e luta para salvá-lo dos perigos da natureza australiana. Bird Karma, que conta a história de um pássaro obcecado por um peixe dourado. E, por fim, Black Barbie, que questiona os padrões de beleza estabelecidos pela cultura ocidental branca e a autoafirmação da beleza negra.