Hoje quero falar sobre frustrações e decepções.

Não é fácil falar sobre empregos, momentos, pessoas, eventos que não atingiram a nossa expectativa. Até porque, temos a estranha tendência de fingir que tudo sempre está muito bem e que estamos 100% do tempo felizes – ainda mais em tempos de redes sociais.

A vontade de escrever sobre frustrações e decepções veio depois de assistir ao último episódio de Game of Thrones. Talvez a maior produção da TV norte-americana e mundial. Um primor de produção, roteiro, atuações… que – ao decepcionarem um enorme número de fãs – colocaram a série em cheque na sua 1h20 final. Eu fui um dos que não curtiram o final e ficaram frustrados em ver que muito do que se imaginava não se concretizou (ao menos da forma que eu esperava).

Frustração tem muito a ver com expectativa. Quanto maior a sua expectativa, maior a chance de ficar frustrado. Isso serve para tudo na vida. Um filme ou uma série que te indicaram, uma cidade que escolheu para passar férias, um novo emprego ou trabalho, uma pessoa que você vai conhecer.

Eu sempre tive os pés no chão e nunca gostei de criar grandes expectativas quanto à entrevistas e oportunidades de trabalho/emprego. Para mim sempre foram oportunidades de me desenvolver e me desafiar. Tinha meu sonho profissional bem definido, mas ele sempre se pautou por ações, por produções, e nunca por onde estar e em que empresa realiza-los.

Foi quando no ano passado, recebi aquela proposta de emprego que 9 entre 10 amigos gostariam de receber. Aumento considerável de salário, uma mudança de cidade atrativa, a empresa dos sonhos de todos os meus amigos, trabalhar com uma das minhas melhores amigas de faculdade… não tinha como não aceitar, não tinha como dar errado.

Mas deu. Em uma semana a primeira bomba: mudança de estrutura na área. Em um mês a segunda: minha amiga deixando a área. Em dois meses, a terceira: mudança do escopo da minha vaga. E por fim, a quarta: no novo escopo da vaga, o trabalho não tinha nada a ver comigo, nem com meus objetivos.

Como reagir a tanta adversidade em um espaço tão curto de tempo? Trabalhando. Me dediquei o quanto pude. Me esforcei para aprender o máximo que podia. Criei os relacionamentos que me foram possíveis. Imagino que você que está lendo já passou por isso também, certo?

Mas depois de sete meses, veio a pergunta: vale a pena ficar me esforçando por algo que não me seduz, não me empolga, só porque é uma baita empresa e o sonho de muitos amigos? Por que não correr atrás de algo que realmente é relevante para mim e arriscar?

Foi então que percebi que aquela empresa e aquele emprego não eram pra mim. Que poderia ser o sonho de 9 entre 10 amigos, mas eu era esse décimo que não sonhava com aquilo. Me frustrei. Foi duro. Mas pelo menos reconheci rapidamente isso a tempo de corrigir a rota na minha carreira.

Hoje, cinco meses depois de ter saído deste emprego, tenho a visão clara de que a frustração que eu tive foi importante para o meu próximo passo profissional. Afinal, se não fosse uma proposta de uma empresa dos sonhos de todos, eu não teria deixado o meu emprego anterior, não teria me desafiado, não teria descoberto meu propósito e, hoje, não estaria produzindo conteúdo de forma independente como há muito tempo queria.

Claro que meus amigos e parentes me chamaram de louco. Como você vai ser autônomo com quase 40 anos, o Brasil em crise e com duas filhas? Simples: porque agora eu trabalho com algo que acredito, que me motiva, que me faz estar empolgado todo dia quando começo minha jornada de trabalho. E isso, é muito mais importante para o sucesso do que o nome de uma empresa no meu crachá.