Cansou de ficar em casa. Decidiu que era hora de sair e enfrentar o inimigo invisível que não o deixaria viver em paz por um bom tempo ainda.

Era hora de voltar a viver. E o primeiro programa escolhido foi aquele que era sua maior paixão: cinema. Dessa vez uma experiência diferente. A vasta cabeleira e os biceps trabalhados entregavam que não vivera os tempos áureos do drive-in.

Álcool, máscara, pipoca… ligou o carro. Estacionou na vaga marcada por seu ingresso. Nenhum contato com o exterior. Relaxou.

Reclinou o banco e percebeu que seria um dia diferente quando não achava posição no assento. O brilho nos olhos, o reflexo do vidro, as muitas luzes externas. Buzinas. Estava mesmo no cinema?

O filme escolhido era um de seus favoritos. Sabia falas e cenas de cor. Mas quando o filme começou, o som estridente de seu carro embolava falas e efeitos sonoros. Suas unhas quase fizeram seu pescoço sangrar. A pipoca fria e o guaraná quente deram o alerta final.

Ligou o carro. Sentou no sofá, apagou as luzes, pegou o DVD e recomeçou o filme, agora no potente home theater de seu pai. Seu cinema estava em casa.